Profundidade!!!

Ana Carolina, em seu poema "Te olho nos olhos" recitado na gravação de uns de seus discos, usa a profundidade do olhar como busca e fuga... "Te olho nos olhos e vc reclama, que te olho muito profundamente..." Que tipo de olhar seria esse? Que tipo de reclamação seria essa?

Na minha compreensão a profundidade desse olhar atinge as verdades e mentiras, os erros e acertos, um olhar que tudo vê e diz sem que seja necessária a pronúncia.

"..tudo que vivi foi profundamente, eu te ensinei quem sou e vc, foi me tirando os espaços, entre os abraços, resta-me apenas uma fresta..."

Quase posso ouvir a entrega total de corpo e alma sendo recusada pelo medo do diferente, quase posso sentir a agonia ou sensação de invação de privacidade, dominando um pouco do que não quer ser revelado de fronte ao que não entende o que foi conhecido e se perde profundamente.....

"Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade de eu me inventar denovo..."

O ser humano em geral, na falta de conhecimento de si mesmo, não consegue olhar o mundo como um todo e recusa reconhecer que o diferente é necessário e deve ser simplesmente aceitável.

É muito mais facil tentar mudar do que se adaptar ou descartar por não ser compativel a cada opinião particular. 

Mas não podemos nos inventar denovo, todos os defeitos, os erros, as falhas, faz parte de cada um com a mesma profundidade deste olhar......... Não há como peneirar e ficar apenas com a parte boa.

Sei que é bem mais facil falar que agir, sei também que eu estou longe de servir de exemplo, de ditar maneiras e comportamentos adequados, mas cheguei ao ponto de conseguir ao menos reconhecer os principios e as limitações....

"eu não vou separar a minha vitória dos meus fracassos, eu não vou renunciar a mim, nenhuma parte, nenhum pedaço..."

Vejo essa parte e imagino a dor e desespero da defesa do proprio ser em se manter inteiro, intacto e eu mesma, me colocando nessa situação já não imagino possibilidade de separação entre vitórias e fracassos, nem de nenhuma outra parte que me compõe...

Logo eu, que me amo tanto, que me divirto com meus sorrisos, que aprendo com meus erros e tenho trabalhado comigo mesma em prol de compreender e me conhecer cada dia mais e de conhecer ao meu semelhante? Não, não abro mão deste ser incrível.

Eu tenho atraído tantos outros seres incriveis, tenho vivido tantos momentos, olhares, sorrisos, entregas com tanta profundidade que realmente estou decidida em não separar nenhum pedaço.

Mantenha-se inteiro, mantenha-se intenso, mantenha-se livre e ame-se, mas ame-se muito ao ponto de não se aceitar sem que falte algo de si mesmo.

Sejas original, mas busque a compreensão do que lhe cabe quanto a originalidade, algumas coisas devem ser moldadas, outras descartadas, algumas outras incluídas, mas nunca deve haver a renúncia de si mesmo.

Por fim, terás apreendido muito, enfretando muitas coisas e verás quão profundo poderá ser seu olhar!